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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

© 2013 Kathie DeNosky

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Por um anúncio, n.º 1242 - Abril 2015

Título original: In the Rancher’s Arms

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

I.S.B.N.: 978-84-687-6908-0

Editor responsável: Luis Pugni

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

– Vitória Anderson, aceitas Eli Laughlin como teu marido, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, todos os dias da tua vida?

O reverendo Watkins continuou a falar num tom monótono, mas Vitória não o ouvia. Estava demasiado nervosa para concentrar-se noutra coisa que não fosse no belo moreno que tinha ao seu lado, que dali a alguns segundos seria seu marido.

O reverendo aclarou a garganta e olhou para ela expectante. Ela engoliu em seco e murmurou:

– Sim, aceito.

A voz dela soou surpreendentemente firme, tendo em conta quão nervosa estava.

O reverendo olhou para o seu futuro marido e fez-lhe a mesma pergunta, mas Vitória não prestou atenção. Duas horas antes, Eli Laughlin era apenas um homem com o qual trocara vários telefonemas e correios eletrónicos. Aliás, nem sequer se tinham incomodado em trocar fotografias.

Embora isso não tivesse tido influência na sua decisão de casar. Na verdade, não tinha outra opção. Era uma herdeira desafortunada que naquele momento dispunha apenas de quinhentos dólares e que fora ameaçada de morte em mais do que uma ocasião.

Porém, desejou que tivessem falado das suas características físicas antes. Isso teria reduzido o impacto que Eli lhe causou quando foi buscá-la ao aeroporto de Cheyenne. Vitória não sabia muito bem como o imaginara, mas, de qualquer forma, não estava preparada para encontrar um homem assim.

Se não tivesse tido tanta pressa em sair de Charlotte, talvez tivesse imaginado algo, pelo tom da voz dele. A primeira vez que Eli lhe telefonara para a entrevistar, ficara com pele de galinha e a pulsação acelerada só de ouvi-lo. Um homem fraco e tímido nunca poderia ter uma voz assim.

Vitória olhou para ele. Quando discutiram os detalhes do acordo, não pensou se seria alto e forte, calculou que isso não teria muita importância. E estivera mais preocupada em convencê-lo a cumprir os requisitos para poder casar com ele.

Para além de ser muito alto, tinha os ombros mais largos que alguma vez vira. Parecia quase um gigante.

Estudou o rosto dele. Pensava que os homens que passavam o dia ao ar livre tinham a pele curtida. Eli tinha apenas algumas rugas suaves junto aos olhos castanhos e à volta dos lábios.

– Sim, aceito – disse ele, fazendo com que Vitória voltasse à realidade.

– Pelo poder que o Estado do Wyoming me confere, eu declaro-vos marido e mulher – sentenciou alegremente o reverendo Watkins. – Filho, podes beijar a noiva.

Ela olhou para ele e pensou que não ia beijá-la. Conheciam-se pessoalmente há apenas umas horas, desde que Eli fora buscá-la ao aeroporto. A pulsação acelerou-lhe ao ver que a abraçava e inclinava a cabeça.

Vitória sentiu os lábios dele e sentiu-se invadida por um arrepio de desejo. Foi um beijo breve, mas quando Eli a soltou e deu um passo atrás, ela soube que era o homem mais homem que conhecera nos seus vinte e seis anos de vida.

De repente, sentiu pânico. Onde se tinha metido?

Então lembrou-se do acordo pré-nupcial que tinham assinado, particularmente a parte que dizia que tinham um mês «para se conhecer», e começou a descontrair um pouco. O casamento não seria consumado a não ser que ambas as partes estivessem de acordo.

– Parabéns aos dois – disse Blake Hartwell, abraçando-a.

Durante o percurso de uma hora do aeroporto ao escritório do advogado de Eli, este explicara-lhe que a cerimónia teria lugar em casa da avó de Blake assim que tivessem assinado o acordo pré-nupcial. Eli e Blake eram amigos desde os tempos de escola, e este e a avó, Jean Hartwell, seriam as testemunhas.

Blake abraçou-a com força e Vitória apercebeu-se de que era tão grande e forte como o seu novo marido.

– Obrigada – murmurou.

Estava tudo a acontecer tão depressa que se sentia esmagada. Era surrealista pensar que em pouco menos de quatro meses mudara duas vezes de apelido.

– Obrigado pela tua ajuda – disse Eli ao amigo. – Estou muito agradecido por a tua avó Jean nos ter apoiado nisto com tão pouco tempo.

– Foi um prazer – respondeu Blake, sorrindo.

– Não o teria perdido por nada do mundo – comentou Jean Hartwell. – Cuida bem da menina, estás a ouvir?

Virou-se para Vitória e sorriu.

– É muito bom rapaz mas se se armar em parvo, avisa-me. Ponho-o na linha num instante.

– Tê-lo-ei em conta, senhora Hartwell – disse Vitória, sorrindo.

Perguntou-se o que pensariam dela e do seu repentino casamento com Eli, mas se tinham alguma objeção, não a expressaram. Estavam a ser tão amáveis com ela que parecia que aquele casamento era como outro qualquer.

– Casaste com um dos meus rapazes – continuou a mulher, dando um beijo no rosto a Vitória, – por isso trata-me por avó Jean.

Depois virou-se para o reverendo e perguntou-lhe:

– Quer ficar para tomar um refresco connosco, padre?

– Receio que não vou poder, Jean – disse o homem, sorrindo. – Tenho que ir ao hospital de Cheyenne visitar um membro da congregação que está com pneumonia.

A avó de Blake acompanhou o reverendo Watkins à porta e depois fez um gesto a Vitória para que a seguisse.

– No salão espera-nos o bolo de noiva e o meu melhor licor de sabugueiro. Imagino que queiram ir-se embora em breve, pelo que será melhor começarmos a festa rapidamente.

Eli viu a sua nova esposa seguir a avó Jean e perguntou-se onde estaria com a cabeça quando escolhera Vitória Anderson para ser sua mulher. Não era de todo a mulher que imaginara ao colocar o anúncio na Internet. Queria uma mulher que pudesse ajudar com o trabalho da fazenda e que lhe desse um filho que a viesse a herdar, mas tinha a certeza de que Vitória nunca tinha trabalhado na vida e muito menos numa fazenda.

– És um canalha – sussurrou Blake, quando as mulheres se afastaram.

– Porquê é que dizes isso?

– Quando me disseste que tinhas colocado um anúncio pensei que procuravas mais alguém que te ajudasse na fazenda do que uma esposa – comentou Blake, rindo. – Nunca pensei que encontrarias uma pessoa que aceitasse uma proposta tão pouco romântica e, afinal, conseguiste a rainha do baile!

O amigo deu-lhe uma palmada nas costas e ambos seguiram as mulheres até ao salão. Eli teve que admitir que Vitória era muito bonita. Tinha o cabelo castanho claro e longo, era de tez morena e tinha os olhos violetas mais expressivos que alguma vez vira na vida.

Infelizmente, a beleza não tinha sido um dos seus critérios na altura de escolher uma esposa. Queria uma mulher que soubesse como funcionava uma fazenda, com a dimensão de Rusty Spur, e que pudesse ajudá-lo em caso de necessidade. Mas, assim que viu a sua roupa de marca e as unhas cuidadas, soube que nunca colocara os pés no campo e ainda menos numa fazenda.

Suspeitara disso logo na primeira vez que lhe ligou para entrevistá-la, mas escolhera-a entre as outras candidatas mais qualificadas por uma simples razão: a doce voz dela acelerou-lhe a pulsação. Disse a si mesmo que se devia ter deixado levar pela cabeça, não pelas hormonas, mas antes de conhecê-la pensou que, se ia ter um filho com ela, também não seria mau que se sentisse atraído. Jamais teria imaginado que reagiria como reagiu assim que a viu.

Sempre pensou que encontrar ao acaso uma mulher de tirar o fôlego só acontecia em canções ou em filmes, mas aquela era a única forma de descrever o que lhe acontecera ao vê-la sair do avião em Cheyenne. Contivera a respiração e não tinha certeza de ter voltado a respirar com normalidade desde então.

– Eli Laughlin, tira essa cara de carneiro mal morto e vem aqui ajudar a tua mulher a cortar o bolo – disse-lhe a avó Jean, desde a porta da sala de jantar.

Eli ficou grato por tê-lo despertado dos seus pensamentos e sorriu àquela mulher, que se considerava avó de todos os amigos do neto.

– Sim, senhora. Vou já.

Quando entrou na sala, Vitória estava de pé atrás de um bolo de três andares que estava em cima da mesa. Parecia assustada.

Eli aproximou-se dela e tentou tranquilizá-la com um sorriso.

– Estás bem?

Ela assentiu.

– A senhora Hartwell é muito amável. Não esperava que houvesse um bolo… – disse, olhando para ele e sorrindo. – Para dizer a verdade, nem sei bem do que é que estava à espera.

O seu riso nervoso e a sua vulnerabilidade fizeram com que Eli sentisse uma emoção inesperada. Não sabia por que razão, mas Vitória Anderson Laughlin despertava-lhe um instinto protetor que nem sabia que possuía.

Disse a si mesmo que era porque ela era bonita, pequena, delicada e feminina, o tipo de mulher que fazia qualquer homem sentir-se um homem, mas a verdade era que acabava de tornar-se esposa dele. Era obrigação dele protegê-la e assumira-o desde o início.

Eli respirou fundo. Devia estar a ficar louco. Estava casado há apenas dez minutos e já estava a pensar como um marido.

Tentara evitar aquele tipo de emoções pensando no casamento como um acordo comercial, mas, aparentemente, subestimara o sentido de responsabilidade que acompanhava o facto de ter uma esposa.

– Vamos, sorriam os dois – pediu-lhes Blake, levantando a máquina fotográfica. – Põe o braço à volta da tua mulher, Eli. Esta vai ser a vossa fotografia oficial.

Eli teve vontade de bater no melhor amigo, que sabia perfeitamente que Vitória e ele acabavam de se conhecer. Não obstante, fez o que este pediu e pensou que falaria com ele mais tarde.

Abraçou Vitória pelos ombros e ela apoiou-lhe a mão no peito, causando-lhe um calor de que ele gostou muito. Talvez demasiado. O acordo pré-nupcial que tinham assinado incluía uma cláusula segundo a qual não teriam sexo durante quatro semanas para poderem conhecer-se melhor e saber se eram compatíveis. Eli respirou fundo. Se a atração física entre ambos era tão forte como suspeitava, ia ser um mês muito difícil.

Blake tirou a fotografia e quando Eli ia soltar Vitória o amigo disse-lhe:

– Agora, dá-lhe um beijo. Não consegui imortalizar o da cerimónia.

Eli não sabia se tirar fotografias era boa ideia. E se, passado um mês de se conhecerem, decidissem que não eram compatíveis e anulassem o casamento?

– Sim, tenho a certeza de que gostarão de ter uma fotografia a beijarem-se no dia do vosso casamento – interveio a avó Jean.

Eli olhou para a mulher que tinha ao lado e viu-a tão surpreendida como quando o reverendo dissera a Eli que podia beijá-la durante a cerimónia. Ele não pensara fazê-lo, mas a forma como Vitória olhou para ele durante o ritual fez com que decidisse respeitar a tradição. E o olhar que estava a dirigir-lhe naquele momento tinha exatamente o mesmo efeito.

Sem pensar duas vezes, inclinou a cabeça e deu-lhe um beijo. Disse a si mesmo que estava a beijá-la apenas por que se não o fizesse teria criado uma situação incómoda. Embora, no fundo, soubesse que desejava voltar a beijá-la e precisava de confirmar que a sua primeira impressão fora correta.

Assim que os lábios deles se tocaram soube que, tal como pensara com o primeiro beijo, os lábios de Vitória eram os mais suaves e doces que provara em toda a vida.

O seu corpo começou a reagir e ele interrompeu o contacto e retrocedeu. Para sua satisfação, Vitória parecia tão aturdida como com o primeiro beijo. Era evidente que ambos sentiam a mesma química.

– Perfeito – comentou Blake, sorrindo com malícia. – Mais uma ou duas fotos a cortar o bolo e terei terminado por agora.

– Por agora? – repetiu Eli, franzindo o sobrolho.

Blake era o seu melhor amigo desde que tinha memória, mas estava a começar a esgotar-lhe a paciência.

Blake sorriu ainda mais.

– Preciso, pelo menos, de uma fotografia da avó a atirar arroz e outra vossa a partir para a fazenda.

Eli cerrou os dentes. Blake estava a divertir-se demasiado às custas dele.

Cortaram o bolo, branco com flores cor-de-rosa, deram-lhe um bocado e brindaram com o licor caseiro da avó Jean. Depois, Eli olhou para o relógio.

– Obrigado por tudo, mas deveríamos pôr-nos a caminho. Temos duas horas de estrada até à fazenda e o Buck ficará aborrecido se tiver que reaquecer o jantar.

– Diz a esse velho que da próxima vez que o vir na vila lhe vou dizer o que é que eu penso por ele não ter vindo – disse a avó Jean, com desaprovação enquanto os acompanhava à porta.

Depois fez-lhes um gesto para que esperassem.

– O Blake tem que preparar a máquina fotográfica antes de vocês descerem as escadas do alpendre. E tenham cuidado, limpou quase toda a neve do caminho, mas ainda há algumas zonas muito escorregadias.

– Obrigado pelo aviso – disse Eli, ajudando Vitória a vestir o casaco antes de vestir o seu. – Há bocado, pedi ao Blake que saísse para ligar o aquecimento do SUV, calculo que já deva estar quente.

– Que detalhe – respondeu Vitória, sorrindo. – E obrigada por me apresentares aos teus amigos. Adorei conhecê-los. São muito simpáticos.

– Sim, a avó Jean é um encanto – comentou Eli, colocando o chapéu texano.

– Com que frequência é que os vês? – perguntou ela.

– Venho várias vezes na primavera e no verão, mas quando começa a nevar, no final do outono, já só volto na primavera seguinte – explicou-lhe Eli, enquanto atravessavam o alpendre de entrada da casa. – O meu pai e o do Blake eram amigos íntimos e, em criança, eu passava aqui os invernos para poder ir à escola.

Eli ficou imóvel ao ver o carro dele.

– Mas, o que é que…?

Aparentemente, Blake decidira decorá-lo. Escrevera as palavras «recém-casados» no para-brisas traseiro e pendurara um enorme sino de papel branco na parte traseira.

– Parece que andaste muito ocupado – disse ao amigo, enquanto segurava Vitória pelo cotovelo para ajudá-la a descer as escadas.

– Levo o meu trabalho de padrinho muito a sério – comentou Blake, rindo.

Tirou várias fotografias enquanto a avó lhes atirava arroz e depois acrescentou:

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– Não te preocupes comigo. Se não tivesse a certeza do que estou a fazer, não estaria aqui.

Cobriu a boca para esconder um bocejo.

– Acho que afinal vou tentar dormir um pouco. Por favor, acorda-me quando estivermos a chegar à fazenda. Gostaria de ver o vale do alto da montanha, tal como mo descreveste.

– Está bem – respondeu Eli, sorrindo.

E ela sentiu ainda mais calor ao ver como os lábios dele se curvavam. Não tinha certeza se gostava de sentir-se atraída por ele tão rapidamente. Embora pudesse ser uma vantagem se o seu casamento funcionasse. E um pesadelo se tal não acontecesse.

Tori fechou os olhos e disse a si mesma que seria melhor não pensar demasiado no assunto. Tinha coisas mais importantes com que se preocupar.

Como reagiria Eli quando lhe contasse acerca do seu pai e do escândalo no qual ela também estivera envolvida? Iria compreendê-la?

Apesar de ter um mestrado em finanças e de ter sido absolvida de qualquer responsabilidade relativa às transações ilegais da empresa do pai, sabia que ninguém a contrataria. E esperava que Eli não se aborrecesse por não lhe ter contado antes e por não o ter avisado de que ia casar com a filha do homem que causara o maior fiasco económico da história recente.