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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2008 Michelle Reid. Todos os direitos reservados.

PRESA NA SUA CHANTAGEM, N.º 1161 - julho 2013

Título original: The De Santis Marriage

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2009

 

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

™ ®,Harlequin, logotipo Harlequin e Sabrina são marcas registadas por Harlequin Books S.A.

® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-3362-3

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Capítulo 1

 

A despedida de solteira já estava em marcha, contudo, Lizzy não tinha vontade de ir à festa. Uma noite no La Scala... Não havia nada que lhe apetecesse menos naquele momento. Rodeada de luxos naquela suíte em Milão, ia levar um vestido muito sofisticado, que devia custar mais dinheiro do que conseguia imaginar. Tinha de estar à altura, embora as coisas não corressem bem em Inglaterra e os negócios da família estivessem prestes a ir à falência.

Ela não queria ir ao casamento da sua melhor amiga, porém, o seu pai insistira. O seu irmão Matthew fora um pouco mais longe.

«Não sejas estúpida. Queres que o papá se sinta ainda pior por tudo isto? Vai ao casamento de Bianca e deseja-lhe felicidades da minha parte...» dissera com tanto rancor, que Lizzy fazia uma careta cada vez que o recordava. Matthew nunca ia perdoar a sua melhor amiga por se ter apaixonado por outro homem.

Depois Bianca e os seus pais tinham insistido ainda mais e, no final, fora demasiado fácil ceder e fazer o que toda a gente queria que fizesse em vez de estar ao lado do seu pai.

Lizzy vestiu o vestido flamejante e afastou uma madeixa da cara. Pôs as alças e viu-se ao espelho. A imagem que viu nele deixou-a horrorizada. O vestido era demasiado justo e aquele tom prateado não combinava com o tom pálido da sua pele. No entanto, aquela não era a primeira vez que invejava a beleza sofisticada de Bianca.

Ela não era uma morena doce e delicada como a sua amiga italiana, mas uma ruiva com curvas e um cabelo rebelde que desafiava as regras da física. A jovem de tez branca que olhava para ela do espelho parecia um fantasma.

Bianca comprara o vestido alguns meses antes para a festa de noivado e ficara fabulosa com ele, no entanto, alguns dias depois dera-o a Lizzy com desdém.

«Não sei porque o comprei. Não gosto da cor. O comprimento não está bem e os meus seios não o enchem», dissera-lhe.

Lizzy mordeu o lábio inferior e puxou a parte de cima do vestido. Por sorte, o seu sutiã mantinha os seus seios robustos no sítio.

Um segundo olhar para o espelho... e pensou que afinal de contas não estava assim tão mal.

«A cavalo dado não se olha o dente...»

Alguém bateu à porta.

– Estás pronta, Elizabeth? – era a mãe de Bianca. – Não podemos chegar tarde.

– Dê-me um minuto! – exclamou a jovem.

O La Scala não esperava por ninguém, nem sequer pelos grandes magnatas italianos. Elizabeth esboçou um sorriso.

Calçou uns sapatos de salto alto a condizer com o vestido e pôs um pouco de batom nos lábios.

Voltou a contemplar a sua imagem no espelho e desatou a rir-se pela primeira vez em muito tempo. Aquela situação tinha graça. A única coisa que lhe faltava era o maravilhoso anel de diamantes que o noivo de Bianca oferecera à sua noiva. As dívidas da sua família teriam ficado resolvidas num abrir e fechar de olhos.

Contudo, a noiva não era assim tão generosa. No entanto, Lizzy não se importava. Bianca Moreno e ela eram unha e carne desde a escola. Ambas se tinham sentido como estranhas naquela escola inglesa tão rígida. Bianca nascera em Sidney, porém, era de origem italiana e fora muito difícil para ela renunciar ao seu estilo de vida. A sua família ficara rica da noite para o dia depois de um irmão do seu pai, estabelecido em Inglaterra, lhe ter deixado a sua empresa antes de morrer.

Lizzy, pelo contrário, fora enviada para aquela escola depois do escândalo da sua mãe, que tivera uma aventura com um deputado casado. Tinham-na perseguido tanto na sua antiga escola que o seu pai não tivera outro remédio senão levá-la para o mais longe possível do escândalo.

Bianca e ela nunca tinham feito nada uma sem a outra desde que tinham doze anos. A sua amiga estava prestes a casar-se com o herdeiro de uma famosa família italiana e, embora não quisesse estar ali, Lizzy estava disposta a pôr de parte as suas próprias preocupações para que o casamento de Bianca fosse perfeito. A família de Bianca encarregara-se de todas as suas despesas de estadia e tinham-lhe proporcionado alojamento e guarda-roupa adequado para os eventos prévios à cerimónia. Não importava que fossem o que Bianca rejeitara.

Lizzy estava-lhes muito agradecida, porque nunca poderia ter assistido, embora o seu pai se empenhasse em dizer o contrário. Já estava há uma semana naquela confusão de celebrações e ainda faltava mais uma. Os festejos prévios ao enlace pareciam não ter fim.

O rico e sofisticado noivo de Bianca era Luciano Genovese Marcelo De Santis, máxima autoridade do vasto império financista De Santis.

Lizzy sentiu um arrepio repentino. Agarrou numa camisa de dormir de seda que estava sobre a cama, apertou-a contra o seu peito e suplicou. Não podia voltar a experimentar aquele arrepio absurdo cada vez que pensava nele.

De Santis era um homem estranho que intimidava com a sua sofisticação refinada e o seu aspecto misterioso e sensual. Ao contrário de Bianca, ela nunca se derretera por um homem e aquela reacção inexplicável era totalmente incompreensível. Aquele homem não era o seu tipo. Era demasiado alto e corpulento, demasiado esbelto e obscuro, demasiado sexy e bonito... Demasiado desafiante e enigmático...

Agarrou na mala de festa de contas prateadas e dirigiu-se para a porta.

Apenas se tinham visto uma vez, num jantar privado em Londres que os pais de Bianca tinham organizado para apresentar o seu futuro genro perante as suas amizades inglesas. Luciano impressionara-a tanto que não conseguira tirar os olhos de cima dele em toda a noite. Era tão diferente dos homens de que Bianca costumava gostar...

– O que te parece? – perguntara Bianca.

– É intimidante – dissera. Aquela noite fora a primeira vez em que sentira aquele arrepio. – Dá-me calafrios.

Bianca rira-se, contudo, isso não era nada estranho nela. Estava feliz, apaixonada, completamente perdida nas nuvens...

– Vais habituar-te a ele, Lizzy. Quando o conheceres melhor, deixas de ter medo.

Voltara a vê-lo apenas uma semana antes das festividades.

Lizzy carregou no botão do elevador. Encontrara-o na recepção do hotel quando chegara e pensara que a abordaria com maneiras impecáveis, contudo, isso não impedira que um arrepio percorresse o seu corpo todo.

Ficara incomodado por Bianca não ter ido buscá-la ao aeroporto e Lizzy vira um toque de fúria mesmo antes de a sua expressão ter mudado. Quando lhe dissera que não esperava que a recebessem no aeroporto, os seus lábios sensuais tinham desenhado uma linha rígida de desaprovação. Aquele homem frio estava habituado a dar ordens e, desde aquele momento, ocupara-se pessoalmente de organizar a sua chegada. Arranjara-lhe uma suíte e até a acompanhara ao quarto para ver se estava tudo em ordem.

Ao chegar o elevador, pusera-lhe a mão nas costas para a ajudar a entrar e ela sobressaltara-se, como se lhe tivesse queimado a pele. Por sorte, ele limitara-se a afastar a mão e a lançar-lhe um dos seus olhares frios.

Mais uma vez, encontrava-se perante as portas do elevador, preparada para descer até à recepção do hotel, onde todos estavam a beber alguma coisa antes de saírem. Conseguira fugir de Luc De Santis durante toda a semana, no entanto, desconfiava de que não seria capaz de o fazer nessa noite. A festa era um evento íntimo e os camarotes reservados no La Scala eram demasiado pequenos. O máximo que podia esperar era conseguir um lugar noutro camarote.

Havia um espelho na parede junto do elevador. Lizzy viu-se nele e afastou uma madeixa rebelde da cara. Não devia ter apanhado o cabelo todo. O seu cabelo estava decidido a não se comportar bem. Lizzy deu-se por vencida e deixou que os seus caracóis lhe caíssem sobre os ombros, fazendo com que parecesse mais pálida do que o normal.

Lizzy fez uma careta de desgosto. Puxou a madeixa pela última vez e, nesse preciso instante, as portas do elevador abriram-se...

E então encontrou-se com Luc De Santis.

Lizzy corou.

– Oh! – exclamou, desconcertada. – Também estás hospedado aqui? Não sabia.

Uma expressão ligeiramente divertida invadiu os seus olhos durante um instante.

– Boa noite, Elizabeth. Vens?

A rapariga olhou para ele de cima a baixo. Levava um fato preto de seda e estava apoiado contra a parede posterior do elevador com uma expressão descontraída.

Lizzy forçou um sorriso e entrou no elevador. Depois as portas fecharam-se diante dos seus olhos.

O silêncio tornou-se ensurdecedor. Lizzy conseguia sentir os olhos dele sobre a sua pele.

– Estás muito bonita esta noite – murmurou.

A jovem teve de reprimir uma careta. Sabia muito bem que aspecto tinha nessa noite e também sabia como ele a via, como a amiga pobre com um vestido emprestado.

– Não, não é verdade – respondeu e sentiu um grande alívio quando as portas se abriram. Quando saiu, voltou a sentir o toque da mão dele sobre as costas e ficou petrificada.

– Saímos? – perguntou ele.

Lizzy fez um esforço por continuar a andar, consciente da sua mão sobre as costas. Era como se ele estivesse a pô-la à prova. A primeira pessoa que viu foi a mãe de Bianca. A senhora estava esplêndida com um vestido preto e um colar de diamantes.

– Oh, já estás aqui, Lizzy – disse e foi ao seu encontro. Uma expressão de ansiedade ameaçava arruinar a sua maquilhagem impecável.

– Luciano – disse, olhando para o seu futuro genro. – Tenho de falar contigo, querida – disse a Lizzy.

– Claro – a jovem sorriu. – O que fez Bianca desta vez?

– Nada, espero – disse Luc, que estava atrás dela.

Sofia Moreno ficou pálida. Lizzy apercebeu-se de que ele não estava a brincar e decidiu sair em defesa da mãe de Bianca, que estava sempre muito desconfortável na presença de Luc.

– Era uma brincadeira – disse Lizzy com brusquidão.

Ele ficou rígido. Um instante depois, deu um beijo na face a Sofia para tentar tranquilizá-la.

– Vou deixar-vos para que possam falar sobre... as vossas coisas – sussurrou e afastou-se rapidamente. Foi para o balcão do bar para cumprimentar alguns amigos, porém, Lizzy foi incapaz de deixar de olhar para ele durante uns segundos. Mexia-se com tanta elegância...

– Lizzy, tens de me dizer o que se passa com Bianca – insistia Sofia Moreno. – Está a comportar-se de uma forma muito estranha, mas não me diz nada. Devia estar aqui agora, a cumprimentar os convidados junto de Luciano. Quando fui ao seu quarto depois de ter ido ao teu, nem sequer estava vestida.

– Teve uma dor de cabeça à hora de almoço e foi para o seu quarto descansar – Lizzy franziu o sobrolho ao recordar o que acontecera. – Talvez tenha adormecido.

– Isso explicava os lençóis desmanchados – disse a mãe de Bianca, tensa e nervosa. – Parecia que acabava de cair da cama. Conseguiu tirar-me do sério!

– Vamos dar-lhe uns minutos para que se arranje – sugeriu Lizzy. – Se entretanto não descer, eu mesma irei dar-lhe um puxão de orelhas.

– Só tu te atreverias a aproximar-te dela quando está assim, querida.

Nem sequer o seu noivo se atrevia a aproximar-se dela? Lizzy franziu o sobrolho e levou a senhora Moreno para onde estavam os outros convidados. Uns segundos depois, encontrou-se com o pai de Bianca, Giorgio, que a apresentou a um convidado que não conhecia.

Vito Moreno era da sua idade e herdara a beleza dos Moreno, que tinha uns olhos azuis risonhos.

– Portanto tu és Elizabeth. Já me falaram muito de ti desde que cheguei esta tarde.

– Quem?

– A minha querida prima, é claro – Vito sorriu. – Bianca insiste que tu a salvaste de uma vida rebelde e desencaminhada quando deixou Sidney para estudar na «escola mais refinada» de Inglaterra.

– Tu és dos Moreno de Sidney – disse Lizzy. – Agora reconheço o sotaque.

– Eu era o companheiro de farras de Bianca até tu me teres substituído.

– Tu és esse primo? – perguntou ela, rindo-se. – Eu também já ouvi falar muito de ti.

– É verdade – disse Vito, suspirando.

Um copo de champanhe apareceu perante os seus olhos. Lizzy aceitou a bebida e levantou o olhar. A sombra de Luc estendia-se sobre ela como a de um gigante.

– Oh, obrigada.

Ele assentiu, cumprimentou Vito com a cabeça e seguiu em frente.

Então Vito reatou a conversa e Lizzy fez um esforço por afastar Luc De Santis da sua mente. Os minutos passaram com rapidez e o bar encheu-se de convidados, no entanto, Bianca continuou sem aparecer. Finalmente, as pessoas começaram a olhar para o relógio com impaciência.

Lizzy olhou para Luc De Santis. Ele estava num canto, a falar ao telemóvel. Não parecia muito feliz a julgar pela sua expressão.

Estaria a falar com Bianca? Não era de estranhar que estivesse incomodado. O seu eterno costume de chegar tarde já fizera com que ele se zangasse mais de uma vez.

«Vais ter de te habituar...», disse Lizzy para si ao vê-lo a fechar o telemóvel.

A inconsciência obstinada de Bianca era a causa de dores de cabeça intermináveis para a sua mãe e para a sua melhor amiga. De Santis podia considerar-se muito sortudo se ela não chegasse tarde à igreja.

O tempo continuava a passar. Lizzy tentava não olhar para o relógio e Sofia lançava-lhe olhares angustiados. Estava quase a ir ver a sua amiga quando se formou uma pequena confusão perto dos elevadores.

Toda a gente se virou para esse ponto e fez-se silêncio. Era Bianca, uma princesa de sonho com um vestido de seda dourada. Tinha o cabelo apanhado de forma elegante, o que realçava a perfeição absoluta do seu rosto. Um colar de diamantes, brincos a condizer...

Só lhe faltava uma tiara para parecer uma princesa.

– Lamento chegar tão tarde – disse Bianca, olhando para os convidados com os seus olhos castanhos.

– Essa é a minha rapariga – murmurou Vito.

Lizzy lançou-lhe um olhar fulminante, contudo, não havia nada na sua expressão que justificasse um comentário tão estranho.

Luc avançou para a sua noiva e levou os seus dedos aos lábios. Dissesse o que dissesse, os olhos de Bianca iluminavam-se quando o via.

«Ele ama-a...»

Lizzy apercebeu-se da verdade e uma sensação estranha apoderou-se do seu peito. Franziu o sobrolho e virou-se para não ver os dois amantes. Aquele sentimento inusitado desapareceu em seguida.

Foram para a ópera de limusina. Vito Moreno ia ser o seu acompanhante nessa noite, portanto não tinha motivos para continuar à defesa. O La Scala era extraordinário, uma experiência inesquecível... Sobretudo, porque conseguira ficar mais longe possível daquele homem que tanto a perturbava. Depois do espectáculo, foram jantar num bonito palacete do século XVI nos subúrbios de Milão.

Vito passou a noite toda a encher-lhe o copo e, quando Luc De Santis a puxou para dançar, já estava um pouco enjoada.

Lizzy esforçou-se por encontrar uma desculpa, porém, não conseguiu. Ele agarrou-a pelo cotovelo e fez com que se levantasse.

– Vamos – disse com secura. – O noivo tem de dançar com a dama de honor pelo menos uma vez.

Lizzy pensou que isso devia ser depois do casamento, contudo, voltou a sentir um arrepio, deixando-a sem fôlego. Antes que conseguisse protestar, Lizzy encontrou-se na pista de dança.

A luz ténue, uma balada romântica cantada por uma voz feminina profunda e sensual... O coração de Lizzy acelerou imediatamente. Os seus corpos mexiam-se ao compasso da música.

– Relaxa – disse ele uns segundos depois. – Supõe-se que isto é um passatempo divertido.

Lizzy levantou o olhar e então viu um brilho brincalhão no seu olhar.

– Não estou habituada a... – disse, corada.

– A estar tão perto de um homem? – perguntou Luc com ironia.

– A dançar com estes sapatos! E esse não é um comentário de muito bom gosto.

Ele desatou a rir-se. Aquele som penetrante e profundo ecoava contra os mamilos de Lizzy.

– És uma pessoa muito peculiar, Elizabeth Hadley – disse. – És muito bonita, mas não gostas que te digam isso. Estás sempre tensa e à defesa, mas relaxas por completo na companhia de um mulherengo como Vito Moreno.

– Vito não é um mulherengo – objectou Lizzy. – É demasiado tímido para ser um mulherengo.

– Telefona para qualquer número de telefone de Sidney e menciona o seu nome.

– Bom, de qualquer forma, gosto dele – disse ela.

– Ah, estou a ver que estás a cair na sua armadilha.

– Isso também não é de muito bom gosto!

De repente, ele inclinou-se para a frente e os seus lábios ficaram a um milímetro de distância.

– Vou dizer-te um segredo, minha querida. Eu não tenho muito bom gosto.

Estava tão perto dela que Lizzy conseguia sentir o seu cheiro masculino e embriagador.

– Bom... – inclinou a cabeça para trás. – Seja como for, tiveste muito bom gosto com Bianca e é melhor que continues assim.

Ele desatou a rir-se e atraiu-a mais para si para controlar os seus movimentos sem empregar muita força. Era muito mais alto do que ela, por isso os olhos de Lizzy ficavam à altura do seu queixo. Não voltaram a falar, no entanto, os copos de vinho não demoraram a fazer efeito e Lizzy viu-se imersa numa onda de sensações: o tacto da lapela de seda sob os seus dedos, o branco impecável da sua camisa e o tom bronzeado do seu pescoço...

Era extraordinário. Não fazia sentido negá-lo.

A melodia, grave e triste, invadiu os sentidos de Lizzy, que fechou os olhos e se deixou levar. Luc agarrava-lhe na mão com dedos aveludados.

Não se apercebera, contudo, aproximara-se dele de forma perigosa e a sua respiração acariciava-lhe o pescoço. Deixava-se levar pelos seus movimentos, no entanto, não tinha consciência do efeito que causava nele.

Ele deslizou os dedos sobre os de Lizzy e puxou-a mais para si.

Aquilo era tão agradável... Lizzy só se apercebeu da situação quando sentiu um ligeiro roce nos seus lábios e o sabor da sua boca...

Deu-lhe um empurrão e abriu os olhos. Uma onda de vergonha percorreu o seu corpo ao aperceber-se do que fizeram.

Acabava de dar um beijo ao noivo de Bianca...