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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2005 Karen van der Zee

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Sedução italiana, n.º 905 - Junho 2016

Título original: The Italian’s Seduction

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2006

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin

Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-8345-1

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Era um escândalo. Alto, bonito, muito moreno. O arquétipo masculino que gosta de todas as mulheres. Charli sorriu, esquecendo, por momentos, os seus problemas enquanto observava o homem que levava o iate para a marina.

Era forte, de ombros largos, com um corpo fibroso que se movia com graciosidade. Sim, definitivamente, era muito atraente, e a julgar pelo seu iate luxuoso, rico também.

Poderia ser exactamente o que ela necessitava. O sol de Agosto na costa italiana era ofuscante e Charli teve que fechar os olhos. Devia ter trinta e poucos anos, pensou, enquanto o observava a amarrar o iate. Com calções e uma t-shirt azul, exibia umas pernas e uns braços bronzeados e firmes. Charli sentiu uma pequena excitação perante tal esplendor masculino, mas decidiu ignorá-lo. Aquele não era o momento para fantasias românticas.

Tinha problemas e tanto lhe importava que fosse bonito ou que tivesse um iate luxuoso. O que interessava era que todos esses atributos indicavam uma certa sofisticação e que, certamente, aquele homem falaria o seu idioma.

Sozinha num país estrangeiro, perdida e sem saber o que fazer, Charli, sentada num banco do cais, decidiu que essa não era a forma de começar uma nova vida. Estar perdida ia contra todas as regras da sua lista.

No novo Capítulo da sua vida queria estar sozinha e fazer exactamente o que queria sem dar explicações a ninguém, sem responder perante ninguém, sem obedecer a ordens de ninguém.

Essa liberdade ia ser maravilhosa. E o melhor, dizia-o a si mesma, era começar essa aventura em Itália.

Mas ali estava, sozinha, perdida, sem saber o que fazer e sem óculos de sol. Tinham caído, enquanto tentava descer do comboio no qual chegou de Nápoles carregada de malas. Não era um bom augúrio.

Mas não queria pensar nisso.

Tinha sido um acidente, mais nada. Compraria uns óculos novos no dia seguinte.

«Já te disse que não devias ir sozinha para Itália».

Quase podia ouvir a voz de Richard. Que incómodo.

O Capítulo de Richard tinha terminado e não havia espaço para ele na sua nova vida.

– Nem sequer falas italiano. Não sabes como é o apartamento… pode ser um buraco infestado de ratos. Não estás a ser sensata, Charli.

– Mas será uma aventura – replicou ela, sorrindo corajosamente.

Ele não achava graça e, durante dias, continuava a pôr objecções, ordenando-lhe, inclusive, que não fosse para Itália.

Ordenou-lhe.

Foi então que Charli decidiu que já não se sentia bem com ele e acabou a sua relação. Não conseguia suportar mais essas atitudes machistas e autoritárias.

A ruptura teve lugar um mês antes e fora a melhor decisão que tinha tomado… embora tivesse medo de dar uma volta de cento e oitenta graus na sua vida.

E ali estava, na ensolarada Itália, a começar a sua aventura com poucos auspícios positivos. Fora corajosa, mas agora, cansada e perdida, era difícil sentir-se heróica.

Tinha chegado à estação duas horas antes e esteve uma hora à espera do notário, o senhor Bernardini, que a devia levar até ao seu apartamento. Mas não apareceu. Não se importou muito na altura, pois encontraria a casa sozinha. Tinha a morada, de modo que não devia ser assim tão difícil. Além disso, estava no centro da cidade…

Se calhar o senhor Bernardini já está no apartamento à minha espera, pensou. Charli tinha alugado um carro na estação e dirigiu-se à morada que o notário lhe dera.

Quarenta e cinco minutos depois, perdida no incrível trânsito no centro da cidade, dava voltas e voltas sem encontrar a rua e sem encontrar um sítio onde estacionar. Por fim, desesperada, decidiu deixar o carro no estacionamento da marina e dirigiu-se ao cais com as pernas trémulas.

Mas agora estava mais tranquila. Perdeu-se, e depois? Não era o fim do mundo. Era normal perder-se numa cidade desconhecida. Além disso, não estava no Sahara nem na selva da Borneo. Estava num país civilizado, numa bonita cidade italiana cheia de gente e de massa. Conseguiria sobreviver.

Só precisava de um guia que a levasse até ao apartamento. Um guia que falasse o seu idioma, claro. E ali, diante dela, estava um deus romano em calções.

Acabava de tirar os óculos de sol e passava uma mão pelo cabelo… O coração de Charli acelerou-se. Realmente, era demasiado bonito para ser real.

Quando se levantou para falar com ele, o homem voltou-se e olhou para ela directamente. Charli teve que engolir em seco. Com esses lindos olhos castanhos cravados nela, custou-lhe lembrar-se do que lhe queria dizer.

Quando chegou ao pé dele, o tempo parecia ter parado.

– Desculpe – disse com voz rouca, uma voz que não reconhecia. – Você fala o meu idioma?

– Sim – respondeu ele.

– Ah, ainda bem – suspirou Charli, mostrando-lhe o documento do cartório no qual estava a morada do apartamento. – Estou há horas a conduzir pela cidade, tentando encontrar esta rua. Você poderia ajudar-me?

Enquanto o homem olhava o documento, uma adolescente de cabelo comprido saltou do iate e aproximou-se deles.

Devia ter dezasseis ou dezassete anos e era muito bonita, com o cabelo escuro e os olhos cinzentos. Vestia uns calções, um top que deixava a descoberto o seu umbigo e uma mochila ao ombro.

Cosa è questa? – perguntou.

O homem contestou em italiano e olhou logo para Charli.

– Acho que sei onde está. Levá-la-emos lá, não se preocupe.

Que bonitas palavras. Charli respirou, aliviada.

Mas, de repente, sentiu-se insegura. Insegura pelo homem, pelo nervosismo que despertava nela.

– Não quero incomodá-lo…

– Não faz mal. Fica perto daqui.

– Tenho carro. Está no estacionamento.

– Eu também – replicou ele, brincalhão. – Será melhor que o deixe aqui. Talvez não seja capaz de estacionar nesta zona – acrescentou, apontando para o papel.

Charli tinha visto as ruas do centro e tinha a certeza de que seria impossível encontrar estacionamento.

– Muito bem.

– Dê-me só cinco minutos – pediu o homem.

O seu sotaque italiano tinha um toque britânico. Talvez tenha estudado em Inglaterra, pensou.

– Obrigada.

– És americana? – perguntou a adolescente, tratando-a por tu.

– Sim. Acabo de chegar de Nápoles. Deveriam ter ido buscar-me à estação, mas não apareceu ninguém.

– E estás perdida.

– Sim, receio que sim. Estou há horas a conduzir, mas não encontrei a rua certa. Acho que é melhor ir-se a pé para o centro.

– De onde és?

– De Filadélfia.

– A sério? A minha amiga Melissa é de Filadélfia – disse a rapariga, entusiasmada. – O meu nome é Valentina Castellini – apresentou-se, apontando para o homem, que tinha desaparecido para dentro do iate. – Ele chama-se Massimo, é o meu irmão. Eu quero ir para a universidade em Filadélfia, com a minha amiga Melissa, mas ele quer que eu estude em Inglaterra.

– Eu chamo-me Charli Olson.

– É um prazer, Charli.

– Falas muito bem o meu idioma. Aprendeste no colégio?

– Sim, e também por falar com os meus amigos americanos e ingleses. Vou para um colégio internacional em Roma. Massimo diz que é importante receber uma educação internacional pela globalização e tudo isso.

O homem em questão reapareceu então. Vestiu uns calções de cor caqui que não podiam ficar melhor. Parecia um modelo de roupa Armani.

– Por aqui – disse, apontando para a saída da marina.

– Massimo, esta é Charli e é de Filadélfia – anunciou a sua irmã.

– Ah, sim? Eu sou Massimo Castellini – disse, apertando a sua mão.

– Charli Olson – ela sorriu, tentando não se derreter com o aperto.

Aquilo era ridículo. Nunca tivera uma reacção assim frente a um homem. E era a última coisa que desejava naquele momento.

– Veio visitar um amigo? – perguntou Valentina.

– Não, herdei um apartamento da minha avó e vim vê-lo… e talvez fique por cá um tempo.

– A tua avó vivia aqui? És italiana? Não pareces italiana.

Charli sorriu. Os seus caracóis loiros e os seus olhos azuis pareciam mais de origem nórdica. Como o seu apelido.

– Não faças tantas perguntas, Valentina.

– Não faz mal. A minha avó era norte-americana, mas herdou um apartamento da sua irmã que se casou com um italiano. A minha avó deixou-me esse apartamento no seu testamento quando morreu, no início deste ano. Não sei como é, nem sequer sabia da sua existência.

Massimo levou-a por uma rua empedrada, que estava tão apinhada de carros, motas e caixotes do lixo, que tinham que caminhar em fila indiana.

– Por aqui chega à praça de São Bonaventura. Não se esqueça.

Sim, vou tentar, pensou ela, olhando em redor para recordar as lojas: uma farmácia, uma floricultura e um café com mesas na rua. O aroma do café era delicioso.

Além disso, se olhasse em redor não tinha que olhar para o homem que a acompanhava. Charli decidiu que era mais seguro olhar, por exemplo, para uma banca de legumes.

O mercado que acabavam de passar estava cheio de bancas de frutas, legumes e peixe fresco. Certamente, seria ali onde faria as suas compras a partir de agora, pensou, encantada. Até iria aprender a cozinhar comida italiana.

Massimo virou numa esquina e Charli afastou-se quando uma mota passou ao seu lado a toda a velocidade. Era conduzida por um rapaz, com a sua namorada atrás, com calças de ganga e sapatos de salto alto. Todas as italianas usavam calças de ganga e sapatos de salto.

O aroma a pizza de um restaurante próximo lembrou-a de que ainda não tinha comido, mas não lhes podia pedir que esperassem.

Massimo Castellini virou para outra rua empedrada e depois atravessou um arco antigo que conduzia até uma espécie de pátio.

– É aqui.

As casas tinham varandas e havia roupa estendida por todos os lados. Era como uma cena de um filme italiano, pensou Charli. Sophia Loren poderia aparecer a qualquer momento, chamando-os de uma varanda.

– É esta casa – disse Massimo, apontando para uma velha porta de madeira. De um lado havia várias placas e campainhas com os nomes dos vizinhos. – Tem a chave?

– Não, pensei que o senhor Bernardini estivesse à minha espera aqui. Deveria ter ido buscar-me à estação, mas…

Tocaram à campainha, mas não respondeu ninguém. Então, de uma varanda próxima, uma mulher chamou-os. Não era Sophia Loren, mas sim uma senhora mais velha com rolos azuis no cabelo.

Massimo e ela ficaram a falar em italiano e Charli sentiu-se como uma parva, sem entender nada e sem chave para entrar em casa. O que pensaria Massimo Castellini dela?

Que era tonta, de certeza.

Mas não se importava com o que ele pensasse dela. Não era importante a sua opinião nem a dos outros.

– Diz que não está ninguém no edifício – traduziu Valentina.

– Não teve sorte – confirmou ele. – Parece que não há ninguém e, sendo domingo, o cartório está fechado.

– Bom, então irei ver o que se passou amanhã – suspirou Charli. – Obrigada por me trazer. Pelo menos, agora sei onde fica a casa.

Conseguir encontrá-la outra vez seria outra questão. A pé, de certeza, mas de carro seria impossível. Porque é que era tudo tão complicado?

– Onde se vai alojar?

– Irei para um hotel; mas antes vou procurar o meu carro.

– Reservou quarto? – perguntou Massimo.

Era demasiado alto e fazia com que ela se sentisse baixa.

Bom, ela era, de facto, baixa.

– A verdade é que estava a pensar ficar aqui…

Embora não tivesse vivido ninguém no apartamento durante um ano, pensou que estaria em condições, mas, ao ver a porta com a pintura desgastada e as varandas deterioradas, já não tinha tanta certeza disso.

– Pois, receio que isso venha a ser um problema. Os hotéis estão cheios nesta época do ano, especialmente agora que há um festival de música.

– Anunciaram ontem na televisão – disse Valentina.

– Mas tenho que dormir nalgum sítio…

– Nos degraus da catedral. Um casal sueco acampou lá ontem à noite – Massimo sorriu.

– Pode ficar connosco – disse Valentina, como se fora o mais normal do mundo convidar uma estranha para a sua casa.

– Não, não, não posso…

– Porque não? Temos muitos quartos. Não é, Massimo?

– Não há problema – disse ele.

Não, não, aquilo ia contra todas as suas regras. Aquilo não deveria acontecer. Supostamente, não teria que pedir ajuda a ninguém na sua nova vida.

– Não posso… não me conhecem de lado nenhum!

Valentina levantou os olhos.

– Não acredito que nos vais roubar a prata – disse, rindo. – Embora não me interesse muito pela prata. Venha, assim ajudar-me-á com o inglês.

Não parecia ter nenhum problema nesse ponto, pensou Charli.

– Vocês são muito amáveis, mas não posso…

– Sim, pode – interrompeu-a Massimo. – Hoje não vai encontrar quarto em nenhum hotel, garanto-lhe. Amanhã pode ir ao cartório e esclarecer a situação.

Sem dizer mais nada, empurrou-a suavemente para a saída do pátio.

E, de novo, todas as suas ilusões de viver como uma mulher independente, de tomar as suas próprias decisões, desapareceram. A primeira crise no novo Capítulo da sua vida. Um homem tinha voltado a tomar o comando.

Além disso, um estranho, um italiano muito bonito, de perigosos olhos castanhos.