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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2007 Laura Wright

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Proposta perigosa, n.º 2249 - fevereiro 2017

Título original: Rich Man’s Vengeful Seduction

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2010

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9427-3

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

Não havia nada mais inquietante do que encontrar um demónio numa igreja.

Com um vestido de seda preta de Vera Wang, o cabelo vermelho apanhado num rabo-de-cavalo alto sobre a cabeça e um ramo de petúnias vermelhas nas mãos, Tess York olhou para o homem sentado no quarto banco da igreja.

O seu nome era Damien Sauer. Moreno, alto e de aspecto feroz, tal como ela recordava. Em tempos tinham sido namorados, mas tinha aparecido outro homem… um homem aparentemente tímido que lhe tinha parecido uma opção mais segura nesse momento. Nessa altura procurava segurança e isso era uma coisa que Damien não lhe podia dar.

O aroma a pinho proveniente da grinalda decorativa deixou de lhe parecer romântico e festivo, em vez disso, começou a produzir-lhe náuseas. «Porque é que tinha voltado?», perguntou-se, nervosa. Aquele já não era o seu lugar. Que ela soubesse, tinha-se ido embora de Minnesota anos atrás para fazer fortuna na Califórnia. Os rumores diziam que se tinha metido no negócio imobiliário e, supostamente, era imparável. Não tinha consciência e tinha ganho milhões a comprar e vender casas.

Tess não se surpreendia com o seu sucesso. Seis anos antes trabalhava como carpinteiro e pedreiro para uma empresa construtora da cidade. Tinha boas ideias, inovadoras, e as empresas faziam fila para o contratar.

Mas viver no Minnesota não fora suficiente para Damien. Ele queria mais e estava disposto a arriscar tudo para chegar aonde queria chegar.

Tess observou-o, imóvel no seu lugar, com a cabeça levantada de forma arrogante enquanto Mary e Ethan trocavam promessas de matrimónio.

Ela tinha feito tudo o que era possível para enterrar um passado cheio de erros e tristezas. Sobretudo o seu desastroso casamento. Com as suas sócias, Olivia Winston e Mary Kelley, tinha fundado uma empresa de catering e decoração e tinha uma vida cómoda e agradável. A única coisa que queria agora era agir como se o passado não existisse e continuar a viver pacata e felizmente.

Mas o demónio tinha aparecido na igreja.

Atrás dela, começaram a soar no piano as notas de uma das canções de amor de O Fantasma da Ópera e todos na igreja se voltaram, como estava ensaiado, para olharem para os intérpretes.

Todos excepto Tess.

Ela não podia afastar os olhos de Damien. Se não deixasse de olhar para ele talvez conseguisse que se fosse embora. Quase soltou uma gargalhada perante essa ideia tão estúpida. Damien não era homem que se pudesse mandar embora de um lugar. Tinha um carácter indomável.

Mesmo tendo emagrecido um pouco, os seus ombros estavam mais largos do que antes. Mas a sua boca era agora tão dura como a sua expressão, como se não estivesse acostumado a sorrir.

Estaria ali por ela? Conheceria Ethan? Ou, esperava que não, Mary?

Tess baixou a cabeça, incomodada. Não estava preparada para contar o seu passado às suas sócias …

Ao seu lado, a especialista em gastronomia de No Ring Required, Olivia Winston, virou-se para a olhar.

– Ouve, eu sei que isto parece a Broadway, mas também não é para enjoares.

– Sim, bom – murmurou Tess, distraída.

A morena enrugou a testa.

– O que se passa contigo?

– Comigo? Nada.

– Pois eu acho que se passa alguma coisa – insistiu Olivia.

Como não queria fazer uma cena no casamento da sua sócia, Tess obrigou-se a olhar para os cantores. Tinha de se acalmar, pensou. Talvez Damien não soubesse que ela estava ali. Talvez se tivesse esquecido dela. Com um bocado de sorte, seria casado e teria dois filhos e um cão chamado Buster. Afinal de contas, tinham passado seis anos. A ela tinham-lhe acontecido muitas coisas nesse tempo…

Mas enquanto escutava os cantores teve uma estranha sensação, como se a estivessem a observar, como se tivesse insectos a subir-lhe pelo pescoço até chegarem ao cabelo. Era uma sensação que só tinha experimentado uma vez na vida.

No dia em que tinha virado costas ao diabólico Damien Sauer.

 

 

– Quer que o leve a casa, senhor Sauer?

Enquanto o seu motorista tentava abrir caminho entre o congestionado tráfego de Minneapolis, Damien permanecia imóvel no assento traseiro da limusina, a gola do casaco a roçar a dura linha da sua mandíbula.

– Não, leve-me ao Georgian.

– Desculpe, parece que não ouvi bem…

– Leve-me ao hotel Georgian – repetiu Damien. – Vou ao banquete.

– Mas, senhor Sauer, o senhor nunca…

– Há algum problema, Robert? – interrompeu-o ele, impaciente, vendo como os flocos de neve caíam sobre a calçada.

O motorista olhou-o pelo retrovisor.

– Senhor Sauer, posso falar com franqueza?

Damien levantou uma sobrancelha.

– Sim, pode… se continuar a olhar para a estrada. Não estamos na seca e soalheira Los Angeles. As ruas de Minneapolis podem ser muito escorregadias.

– Sim, senhor – Robert virou a sua atenção para o trânsito, as duas mãos no volante.

– Bom, o que queria saber? – perguntou Damien, deixando escapar um suspiro.

– Nos quatro anos que trabalho para o senhor, esta é a primeira vez que acode ao casamento de um dos seus sócios.

– Ah, sim?

– Sim.

– E?

– É um assunto importante, senhor Sauer?

O motorista reduziu a velocidade, virou para a direita e parou a limusina. Damien levantou a cabeça.

– Já chegámos?

– Sim, mas há uma fila de carros à nossa frente.

Estavam muito longe da porta do hotel, mas Damien Sauer não era um homem acostumado a esperar.

– Desço aqui, Robert.

– Mas senhor Sauer…

– Fique no carro.

– Muito bem, senhor.

– E, a propósito, vim a este casamento por uma coisa mais importante do que os negócios – Damien saiu da limusina. – Espere-me à porta dentro de uma hora.

 

 

O salão de baile do hotel Georgian era o lugar mais espectacular de Minneapolis para um banquete de casamento, com murais nos tectos, candelabros de cristal e um chão de mármore branco e preto. Em qualquer estação do ano aquele lugar impressionava, mas em Dezembro era fabuloso, decorado com as luzes de Natal, abetos, azevinho e, sobre os pratos, tabletes de chocolate artesanal dentro de uma meia natalícia em miniatura.

Tess York era viciada em chocolate e, cinco minutos depois da sua chegada ao hotel, a sua tablete tinha desaparecido. E a única razão pela qual não tinha comido também a de Olivia era que Tom Radley, o primeiro cliente que a NRR tivera há cinco anos atrás e amigo da família de Mary, a tinha agarrado pela mão para a levar para a pista de dança antes de poder pôr a tablete na boca.

Num palco rectangular ao lado da pista, uma mulher que se assemelhava a Natalie Cole cantava canções de amor.

Ao lado de Tess, Olivia e o seu prometido, Mac Valentine, dançavam apaixonados. O casal era tão bonito, tão elegante, que podia confundi-los com duas estrelas de cinema. Linda com um vestido de dama de honor similar ao de Tess, o seu longo cabelo escuro a cair sobre os ombros, Olivia olhou-a com um sorriso nos lábios.

– Danças muito mal.

– Olha, obrigadinha – respondeu Tess, irónica.

– Não é verdade – disse Tom Radley. – Não lhe ligues. A Tess é elegante como um cisne e leve como uma pluma.

Olivia fez um trejeito.

– Enquanto não te pisar, claro.

– Relaxa, amor – riu Mac, apertando a sua cintura.

Tess fez um gesto, como a afastar um mosquito.

– Deixa-me em paz, Olivia. De certeza que há outras pessoas na pista de dança cuja auto-estima possas arruinar esta noite.

Olivia soltou uma gargalhada.

– Sim, de certeza. Como se alguém te pudesse criar complexos a ti. Tens mais confiança no teu dedo mindinho do que um urso pardo na hora de comer.

– Bem – Tess enrugou a testa, – nem sei como devo entender isso.

Sempre cavalheiro, Mac interveio:

– Era um elogio. E eu acho que danças maravilhosamente bem.

– Os elogios não te levarão a nenhum lado comigo, Valentine – advertiu Tess.

Mac virou-se para a sua noiva para lhe dar um beijo na face.

– E tu? Os elogios levar-me-ão a algum lado contigo?

Olivia lançou os braços em volta do seu pescoço.

– Aonde quiseres, amor.

Tess revirou os olhos.

– Vamos afastar-nos dos pombinhos antes que os anjos que por aqui voam nos cravem uma seta no coração.

– É para já – riu Tom.

Mas do outro lado da pista de dança havia um homem à espera deles, com os seus frios olhos azuis cravados neles com evidente hostilidade. Era alto, de ombros largos e tinha um elegante fraque vestido. Usava o cabelo preto muito curto e a sua boca parecia capaz de pronunciar as palavras mais cruéis.

Tess ficou com o coração na garganta. Uma coisa era vê-lo a quinze metros de distância e outra muito diferente era tê-lo diante dela, ao alcance da mão.

Damien Sauer aproximou-se deles.

– Se não se importar… gostava de dançar com a senhorita.

– Claro que me importo – respondeu Tom, um pouco nervoso. – Mas enfim… não me importo de partilhar.

– Isso é admirável – disse Damien, agarrando Tess pela cintura. – Eu cá importo-me.

Tess não era o tipo de mulher que deixava que um homem lhe dissesse o que tinha de fazer, pelo menos já não. Se outro homem a tivesse afastado de Tom como acabava de fazer Damien, teria sentido a tentação de lhe dar um murro. Mas aquele homem era diferente e também o era a sua própria reacção perante ele. Era como se o tempo não tivesse passado e, uma vez nos seus braços, sentiu-se tão bem que nem sequer se tentou separar.

– Olá, Tess.

Há seis anos que Tess não pronunciava o seu nome em voz alta. E aquele era um momento tão bom como qualquer outro.

– Damien Sauer. Olha, olha, passou muito tempo.

– Nem tanto – disse ele. A sua voz era profunda, mais rouca do que se lembrava, mas o tom era o mesmo e provocou nela cem emoções diferentes. – Vi-te na festa de noivado e pensei que tu também me tinhas visto. Ou não?

– Não… bom, sim. Mas não pensei que… – Tess encolheu os ombros face à sua incapacidade de formar uma frase coerente. – Acho que não tinha a certeza…

– Estás a gaguejar, Tess. Isso é raro em ti.

Sim, era. Mas sempre lhe tinham acontecido coisas raras quando aquele homem a tocava. E, naquele momento, a mão de Damien nas suas costas e o seu corpo a escassos centímetros estavam a fazer com que lhe custasse respirar.

– O que tentava dizer, sem muito sucesso, é que não sabia que o Ethan e tu eram amigos.

– Não somos. Ele quer comprar uma das minhas propriedades e eu esperava um convite para o seu casamento.

– Ah, sim?

– Sim.

– Porquê?

Damien sorriu, zombador.

– Disseram-me que o teu negócio é um sucesso – respondeu, ignorando a sua pergunta. – Estás a sair-te muito bem.

As suas palavras soavam mais como uma observação do que como um elogio.

– Sim, na verdade sim. Mas não tão bem como tu, pelo que sei.

Ele assentiu.

– Quando te foste embora da cidade, concentrei-me no trabalho.

Claro que ia falar do passado. Queria fazê-la sentir incomodada, queria fazê-la suar.

– Isso está bem.

– Sim. De facto, quase poderia dizer que te devo uma grande parte da minha fortuna.

O aroma do abeto que havia à sua esquerda começava a resultar angustioso.

– Estou certa de que eu não…

– Não sejas modesta, Tess. Foste a minha inspiração.

Aquilo era demais. Tudo, os comentários irónicos de Damien, o seu próprio nervosismo… Não ia deixar que um homem a assustasse. Já não. Tess deixou de dançar. A música continuava a soar e as pessoas movimentavam-se na pista, mas ela limitou-se a olhar para Damien Sauer.

– O que se está a passar aqui? Porque é que vieste?

– Queria ver-te – respondeu ele, com um olhar que gelou o sangue nas suas veias.

– Bom, pois já viste – disse Tess, e deu meia volta. – Obrigada pela dança.

Damien agarrou-a pelo braço.

– Acompanho-te à tua mesa.

Ela teria desejado soltar-se de uma só vez, mas deixou que a acompanhasse para não fazer uma cena no casamento da sua amiga. E não pôde deixar de notar como o olhavam outras mulheres, com que desejo, com que fascinação. Como ela o tinha olhado há muito tempo atrás.

Quando chegaram à mesa, Tess sentou-se, à espera que se fosse embora. Mas Damien sentou-se a seu lado.

– Como está o Henry?